Um encontro da Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia, realizado nesta quarta-feira, no Rio, foi dominado pela discussão sobre a legalização da maconha.
O grupo, liderado pelos ex-presidentes do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, e da Colômbia, César Gaviria, se reuniu com outros políticos e especialistas em drogas no Rio.
A Comissão Latino-Americana divulgou um documento que será encaminhado aos governos da Europa, dos Estados Unidos e à ONU, onde afirma que a guerra ao tráfico está sendo perdida na região e, por isso, defende uma mudança na atual forma de combater as drogas.
Segundo o relatório, americanos e europeus são os maiores consumidores de drogas. Enquanto a procura por maconha e cocaína continuar alta, as áreas de plantações na América Latina dificilmente vão diminuir.
Uma das propostas mais polêmicas do grupo é a descriminalização da maconha no mundo, acompanhada de outras medidas que recusam o consumo.
“É preciso começar a avaliar a conveniência de descriminalizar o porte da maconha para o consumo pessoal. Isso já está sendo, na prática, feito em muitos países. Se você fizesse a descriminalização da maconha, do uso, isoladamente, também não vai servir. É preciso que haja, ao mesmo tempo, todo um conjunto de políticas de prevenção, de mostrar que é preciso diminuir o uso, uma ação preventiva. Ou vem simultaneamente uma ação preventiva ou a descriminalização vai aumentar, simplesmente, o uso e ele é danoso. Nós não estamos dizendo que ele não faz dano nenhum. Faz dano”, declarou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Outras propostas são de reduzir o consumo por meio de ações de informação e prevenção; focalizar a repressão contra o crime organizado e transformar os dependentes de drogas em pacientes do sistema de saúde.
“É preciso botar saúde na frente e liberar mais os nossos policiais para enfrentar o poder paralelo do bandido. No momento, com a nossa política, a venda de droga serve ao poder do bandido”, disse Rubem Cesar Fernandes, coordenador do Viva Rio.
Uma jovem, que era usuária de maconha e cocaína, diz que o tratamento é a única esperança para uma vida sem drogas: “Estou muito bem, estou mais equilibrada. Acho que dá para ser muito feliz sem usar drogas”.
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